Se o estudante tem
dificuldade em aprender a ler e está muito atrasado em relação à turma, apesar
de ter um bom professor, ele pode ter um problema de aprendizagem chamado dislexia.
Não é uma doença -- ou seja, não existe um remédio que elimine os sintomas --
ou sinal de burrice -- a dislexia acontece em pessoas com diversos níveis de
inteligência.
A dislexia é um
transtorno no cérebro, em que o processamento das letras e dos sons acontece de
maneira diferente. Por isso, o disléxico tem dificuldade para aprender a ler e
escrever pelos métodos tradicionais. E, como o conhecimento na escola depende
muito da leitura, os disléxicos têm uma dificuldade imensa em acompanhar a
classe nas matérias.
Segundo a
Associação Internacional de Dislexia, um em cada dez indivíduos apresenta
sinais de dislexia, como ler muito devagar ou ler mal, não saber reconhecer as
letras ou, ainda, trocar as letras nas palavras.
Sinais na
infância
Quanto mais cedo
esse transtorno for identificado, melhor para a criança. “O diagnóstico precoce,
preferencialmente durante a infância, é fundamental para minimizar o impacto na
vida acadêmica e na profissional”, diz a educadora Mônica Weinstein, que é
presidente do Instituto ABCD, uma ONG que ajuda pais e educadores a enfrentarem
o problema.
Há muitos casos de
disléxicos que abandonam a escola por receber o estigma de burros ou
preguiçosos. “Muitas das crianças possuem inteligência acima da média, apenas
não recebem orientação e estímulos adequados” explica Thalita Peres, psicopedagoga
especializada em neurociências, linguagens e educação, em Uberlândia, Minas
Gerais.
Muitos pais passam
de consultório em consultório sem que os profissionais encontrem qualquer
problema físico com a criança ou o adolescente. Para chegar ao veredicto de
dislexia, o estudante precisa ter um atendimento de uma equipe que trabalhe em
conjunto. Esse time pode ser formado por um médico neurologista, um
fonoaudiólogo e um psicopedagogo.
Pedido de socorro
Por
desconhecimento do transtorno, o aluno pode ser taxado como preguiçoso ou burro
– e, com isso, a criança ou o adolescente desiste de continuar se esforçando. A
partir daí, ou ele passa a enfrentar as autoridades e dá razão à sua fama de
indisciplinado ou fica com a autoestima tão baixa que acredita nos rótulos que
recebeu.
Como a criança não
consegue entender direito por que ela não aprende como os colegas nem sabe
dizer o que está acontecendo, ela pode “pedir socorro” de outras formas. Pode
começar a fazer palhaçadas que procuram desviar a atenção do problema, pode
começar a apresentar sentimento de inferioridade, de tristeza e até de
revolta.
Um último
aviso
É importante
lembrar que nem toda criança que tem dificuldade para aprender a ler e escrever
é disléxica. A avaliação multidisciplinar pode identificar outras causas que
estejam atrapalhando o aprendizado da criança, como problemas de audição, de
visão ou de relacionamento com a família ou com os colegas.
Tatiane Cotrim
Do UOL, em São Paulo
Do UOL, em São Paulo
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