segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Currículo escolar unificado

Reduzir a desigualdade na aprendizagem de alunos de escolas de regiões pobres e ricas do Brasil. Esse é o principal objetivo por trás da implantação da unificação do currículo no país, que está sendo discutida entre o Ministério da Educação e os secretários estaduais da área. O texto vai estabelecer, entre outras metas, o que o aluno deve saber ao final da cada uma das séries. Os estados terão autonomia para manter aspectos regionais. — O currículo é um caminho para a equidade, porque a gente está pensando em estabelecer as condições que a escola tem de ter para garantir a implantação desse currículo — disse Maria do Pilar Lacerda, secretária de Educação Básica do MEC.

Segundo Pilar, o texto terá especificidades como determinar o número de livros que o aluno terá que ler por mês em cada série. Para isso, vai tratar das condições da biblioteca da escola. Também terá uma lista de atividades a serem aplicadas pelo professor em sala de aula.

— Professor tem que ter rotina. A aprendizagem não pode ter improvisação — disse. “O currículo vai organizar a formação do professor” Hoje, segundo a secretária de Educação Básica, a defasagem no nível de aprendizagem dos alunos é maior entre áreas pobres e ricas da mesma cidade do que entre estados do país:


— A diferença é brutal entre as classes sociais. Da periferia de São Paulo para o centro, você vai encontrar dois meninos brasileiros na mesma idade, um com direito negado (ao co-
nhecimento) e outro, não.

Para Pilar, o desnível existe por causa do ambiente encontrado pela criança em casa, antes de começar a vida escolar: — A criança que não teve contato com a literatura terá
mais dificuldade para aprender a ler e escrever do que uma que teve. Cabe à escola suprir essa deficiência.

A ideia do MEC é que o currículo seja bem mais do que um índice de livro, como é hoje. — O currículo vai organizar a formação do professor, definir o material didático e a programação da TV Escola. Vai balizar o aprofundamento da formação do professor — disse a secretária do ministério.

Para o secretário de Educação da Paraíba, Afonso Scocuglia, que tem representado o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) nas discussões sobre o currículo, os cursos de formação dos professores devem usar o texto.

— Tudo vai girar em torno disso, o livro didático, a formação de professores. Os cursos de licenciatura vão ter como referência o currículo. A escola não vai poder alegar que não
deu aquele conteúdo. A unificação também vai facilitar a vida dos alunos que mudarem de estado. — Há sempre deslocamentos de alunos de um estado para outro, e garantir essa base é mais uma vantagem nesse sentido — disse Scocuglia.

O objetivo do MEC é que o currículo, que será dividido por matérias, esteja pronto até julho de 2012. Entre julho e outubro, haverá discussões com secretários estaduais e municipais e com representantes de entidades de professores e dirigentes da área; em seguida, uma consulta pública. A meta é ter o texto final em dezembro de 2012.

O Globo - RJ

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