Rede estadual vai dar tablet aos alunos do ensino médio em 2012. Preocupação será como vão utilizá-los.
Mirella Marques
Nem tablet, nem internet sem fio. Em 2012, o maior desafio da Secretaria de Educação do Estado (SEE) vai ser fazer com que os estudantes passem a usar a internet para estudar. Muitos ainda navegam na web pensando apenas nas redes sociais. É praticamente impossível controlar a ansiedade dos adolescentes diante das mensagens em tempo real do Facebook. Os educadores da rede particular, onde o uso de notebook por aluno chegou há algum tempo, reclamam que as redes podem atrapalhar a concentração em sala de aula. Cento e setenta mil alunos do 2º e do 3º ano do ensino médio da rede estadual vão receber tablets no ano que vem. O processo de licitação está em andamento. Os alunos vão poder levar os tablets para casa e, caso terminem o ensino médio, podem ficar com o computador portátil.
“Adoro redes sociais. Acesso o Facebook todos os dias em casa e na escola. Mas vou tentar usar o tablet só para estudar. É a minha promessa para o ano que vem”, admitiu Larissa Arruda, de 15 anos, aluna do 1º ano do ensino médio da Escola Estadual Sizenando Silveira, na Boa Vista. Segundo o secretário de Educação do estado, Anderson Gomes, os tablets terão filtros para redes sociais e para sites pornográficos. As redes, no entanto, serão liberadas durante os horários de almoço e recreio. “Não vamos disponibilizar acesso às redes sociais em sala de aula neste primeiro momento. Mas estamos estudando a criação de uma rede social educativa dentro das escolas”, informou o secretário. Os professores da rede vão passar por capacitações, para aprender a usar a nova ferramenta pedagógica.
Anderson Gomes explicou que a rede social educativa deve ser montada dentro do próprio Facebook, para que alunos e professores de uma mesma escola possam interagir. “A rede social faz parte da vida desses estudantes. Mas temos que mostrar que ela também pode ser usada para outros fins”, comentou o secretário de Educação. Essa realidade já existe na Escola Técnica Estadual Cícero Dias, no bairro de Boa Viagem. Com internet sem fio e cursos técnicos voltados para as áreas de programação e games, a grande rede faz parte do dia a dia dos alunos, inclusive durante as aulas. Lá, as redes sociais não são bloqueadas e alguns estudantes aproveitam para trocar informações sobre trabalhos da escola.
“Se o professor pegar alguém acessando o Facebook no celular ou nos computadores, o aluno é advertido. No caso do celular, o aparelho é confiscado e só é devolvido aos pais”, comentou Mykael Wanderley, de 16 anos, aluno do 3º ano do ensino médio. Mesmo com uma educação voltada para o bom uso das redes, que é assunto curricular dos primeiros anos dos cursos técnicos, nem sempre dá para controlar. “É muito difícil lidar com as redes sociais na escola. É um trabalho de monitoramento constante”, admitiu o coordenador de design e multimídia da Cícero Dias, Luiz Francisco Araújo.
A escola tem uma página no Face onde se comunica e repassa informativos aos estudantes. Thaís Nascimento, aluna do 3º ano, disse que visita o perfil. “Às vezes, se algum colega falta, também enviamos o conteúdo das aulas pelas redes. Espero que, no ano que vem, todos os alunos das escolas do estado também possam fazer o mesmo”, opinou.
Medo de perder o equipamento
“Em caso de roubo, o tablet será bloqueado e vai parar de funcionar. Com o chip, vai ser possível localizá-lo.
Embora a notícia tenha sido recebida com animação, os estudantes da rede estadual de ensino estão preocupados com a chegada dos tablets no ano que vem. Como eles vão levar os equipamentos para casa, muitos estão receosos e com medo de possíveis assaltos. No mercado, cada tablet custa, em média, R$ 2 mil. Os do estado custarão a metade disso, por volta de R$ 1 mil, graças ao desconto dado pela empresa. O volume da compra é considerável: 170 mil computadores portáteis. De acordo com o secretário de Educação do estado, Anderson Gomes, não há motivo para preocupação. Os tablets virão equipados com chips de localização com o número da máquina gravado na memória.
“Em caso de roubo, o tablet será bloqueado e vai parar de funcionar. Com o chip, vai ser possível localizá-lo. Vale lembrar que o monitoramento do equipamento só será feito em caso de perda ou roubo”, explicou o secretário. Outra ação anti-furto tomada pela Secretaria de Educação do Estado (SEE) é gravar o nome do governo no tablet, dificultando a venda no mercado pirata. “O ladrão não vai ter como revendê-lo”, opinou Anderson.
Para o secretário de Educação, o tablet vai fazer parte do material didático do aluno. Assim como um lápis ou caderno, ele vai ser entregue dentro da mochila escolar. “Como vou e volto para casa de ônibus, tenho receio de assaltos. Mas com esse chip de localização vai ficar mais difícil a ação dos bandidos”, garante Jéssica Tayane Melo, 16, aluna do 1º ano do ensino médio da Escola Estadual Sizenando Silveira, na Boa Vista.
Diario de Pernambuco
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