"O professor no Brasil está sozinho, ele
não tem apoio para nada, se compararmos sua situação com a dos seus colegas na
OCDE [Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico]", afirma a
pesquisadora brasileira Gabriela Moriconi.
"Ele não tem preparação adequada durante a faculdade [50% não tem didática para tudo o que ensina], não sabe lidar com os problemas práticos da sala de aula [40% diz não ter treinamento para a prática] e não tem apoio [nos países ricos, há aconselhamento profissional e psicológico para os alunos, por exemplo]", completa.
Pesquisadora da FCC (Fundação Carlos Chagas), Moriconi faz parte do time responsável pela nota sobre o Brasil na Talis, pesquisa da OCDE com 34 países para levantar as condições de trabalho dos professores. A Talis foi divulgada na manhã desta quarta (25), em Paris.
Os resultados da pesquisa internacional chamam atenção também para a carga horária média desses profissionais - no Brasil, o docente trabalha cerca de 25 horas semanais nas aulas contra a média de 19 horas dos países que participaram do estudo.
"Nos países da OCDE, o professor trabalha em uma única escola, em tempo integral e leciona, em média, 19 horas. Aqui no Brasil, a jornada quase dobra se pensarmos que os docentes trabalham 26 horas em mais de uma escola e em salas maiores", diz Moriconi.
E ela propõe um questionamento: "Diante dos dados [de gasto de tempo com planejamento de aula], ficam algumas perguntas: será que o professor brasileiro consegue preparar uma aula tão boa quanto dos seus colegas em países da OCDE? Ele tende a ter mais turmas, já dá seis horas a mais de aula, mas gasta o mesmo tempo com planejamento".
Em sala, o professor usa 67% do seu tempo para dar aula -- em 20% do tempo está mantendo a disciplina e em 12% cuida de questões administrativas como distribuir material ou conferir a presença dos alunos. Para se ter uma ideia, na Finlândia, país considerado bom exemplo na educação, os docentes dão aula em 81% do tempo.
"No Brasil, o professor é um dador de aula; em muitos outros países, esse profissional é responsável por ensinar ao aluno como deve ser eu comportamento escolar. Por isso, a carga horária de aulas é menor e parte do tempo é utilizado para que o professor desempenhe essa função. É o caso de países como Inglaterra e Canadá", explica Moriconi.
Karina
Yamamoto
Do UOL, em
São Paulo
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