sexta-feira, 22 de novembro de 2013

A ALIANÇA PT-PSDB CONTRA A EDUCAÇÃO INCLUSIVA

Publicado por Inclusão Já! 
20/11/2013
Por Luis Nassif

            Ontem, no Senado, quase se consumou um pacto inédito, entre o PT e o PSDB, na Comissão de Educação do Senado - presidida pelo senador tucano Álvaro Dias. Não se pense em nenhum objetivo de interesse público.
            Uma frente montada por Álvaro Dias, pelos petistas Paulo Paim e Lindhberg Farias, apoiado pelas Ministras Gleise Hoffmann, da Casa Civil, e Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos, pretendeu eliminar a Meta 4, do Plano Nacional de Educação, e acabar com a obrigatoriedade da rede básica de ensino acolher crianças com deficiência.
Não fosse o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) requerer vistas, poderia ter sido aprovado por acordo de lideranças.
                Em 2010, 700 mil educadores de todo o país reuniram-se em conferências municipais e estaduais, desembocando no CONAE (Conferência Nacional de Educação) que definiu um conjunto de metas para os próximos dez anos. A meta 4 é sobre educação inclusiva. E peça central de sua implementação é a obrigatoriedade das crianças com deficiência serem matriculadas na rede básica.
Trata-se de um trabalho complexo, que começa pela obrigatoriedade da escola se preparar para acolher as crianças com deficiência. Há um sem-número de programas no MEC (Ministério da Educação) de apoio à inclusão, desde salas multifuncionais (para todo tipo de acessibilidade), veículos especiais, pagamentos diretos para reformas de escola, pagamento para matrículas, para atendimento especial).
Em 2007, o MEC criou uma linha especial de financiamento para as APAEs contratarem professores que pudessem acompanhar alunos nas escolas regulares. A mais relevante APAE do país - a histórica
APAE São Paulo, onde começou o movimento - aderiu, fechou sua escola especial, preparou os professores para o atendimento na rede básica. Em vez de apenas 80 alunos, passou a apoiar 400.
                De 337.326 alunos com deficiência atendidos em 1998 (dos quais apenas 43.923 na rede regular) saltou-se para 820.433 em 2012, 620.777 da rede regular, cerca de 200 mil nas escolas especiais.
            Nesse período, no entanto, o movimento das APAEs foi dominado pela Federação das APAEs, que acabaram por se tornar um aparelho político ambicionado por oportunistas de todos os partidos.
            Acabaram por dominar os convênios com o poder público e, a partir dai, a exercer uma marcação implacável para impedir a adesão de APAEs municipais à educação inclusiva.
                A APAE de Contagem é exemplar. Participa de estudos com a Secretaria da Saúde de Minas, com o MEC, foi a primeira a trabalhar o conceito de educação inclusiva nos anos 90.
Recentemente, foi descredenciada pela Federação das APAEs por não abrir mão da Educação inclusiva e o trabalho de 19 educadores.
O oportunismo político pretende deixar em mãos dessas Federações o controle das verbas públicas para deficiência.
É questão de tempo para a opinião pública assimilar as informações e se dar conta da relevância da educação inclusiva. Quando isso ocorrer, todo o capital político que oportunistas de todos os partidos pretendem angariar virará pó.

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